Tema: Contando histórias
Disciplina: Clube do livro
Este texto foi produzido pela aluna Luísa Gomes Vieira e compartilhado com os alunos durante a aula do Clube do Livro.
VOVÓ
E A ESTRELA-VIDA
Talvez esse lugar
exista em algum lugar do mundo. Na minha opinião, se ele existir ele deve ser o
MELHOR lugar desse mundo.
Bom, meu nome é
Luísa, tenho 12 anos e moro no Brasil. O que eu posso dizer é que... numa noite
qualquer, calma e tranquila. Mas aquele dia, eu não me sentia muito bem, estava
inquieta e cansada. Não conseguia dormir.
Tudo começou
quando... decidi escutar uma música calma com os sons da natureza para me
acalmar. Fechei os olhos. Na imagem do vídeo que procurei, vi a imagem de uma
casa, estava mais para uma cabana, que para chegar até ela teria que atravessar
uma ponte, para mim aquela era a ponte para Terabítia.
Entrei no
sonho... Imaginei atravessando a ponte devagar, como se eu não tivesse pressa
pra chegar em lugar algum. Mas, nos meus pensamentos, estava preocupada quando
chegasse lá e encontrasse algo que eu não gostaria, algo ruim. Então uma
palavra chegou em meu consciente, o destino. Será que eu encontraria o meu
naquela cabana?
Parei em sua
frente, com medo de abrir. Tomei coragem, encontrei vovó. Mas ela estava
mudada, estava com um vestido branco com rendas de tule. Estava andando ereta
sem se curvar, estava feliz, e pude ver que sua depressão fugira de seu corpo.
Eu estava feliz por ela, mas ao mesmo tempo me perguntava como ela melhorou.
Ela me disse: - Minha querida, é o destino.
Dançamos,
brincamos e rimos, estava tudo indo muito bem, até que me veio a pergunta que,
por um momento, não pensei que fosse doer tanto.
Então falei: Vovó,
onde está meu vô?
E vovó respondeu:
ele descansou... Assim, como um dia todos vamos, assim como eu vou.
Fiquei triste e
preocupada ao mesmo tempo, não sabia se aquilo era um aviso de adeus. Então
decidi perguntar: - Como assim vovó?
Ela apenas me olhou
com um sorriso de quem estava satisfeita com a pergunta, passou a mão em meu
rosto e falou: - Querida, todos temos uma vida, e eu já vivi a minha, agora é a
sua vez.
Dei um abraço
muito apertado, com lágrimas escorrendo dos meus olhos, e pude ver vovó se
desfazendo. Em seu corpo haviam estrelas prateadas, como se fossem de papel. A
última vez que a vi, estava dando um sorriso de adeus.
Começou a chover,
não sabia se ia embora da floresta ou se ficaria dentro da cabana.
Fiquei onde
estava, chorando com a chuva. Depois de um tempo, decidi entrar na cabana,
podia sentir o imenso abraço de vovó. Me deitei na rede onde ela costumava se
deitar. Escutava-se o barulho da água calma e os passarinhos cantando já não tão
felizes, pois sua amada se fora.
Passaram os anos,
envelheci. Tive netos, menina e menino... eram dóceis e gentis, lembravam a
minha senhora.
Minha neta mais
velha encontrou a cabana que um dia sorrisos e abraços se formavam a cada
segundo.
Brincamos, rimos
e divertimos, quando minha querida perguntou: - Vovó, onde está o vovô?
Pude sentir um
sorriso se formar em meu rosto, então falei: - Querida, eu encontrei o meu
destino, aproveitei minha vida assim como seu vô, mas ele nos deixou com uma imensa
saudade. Assim, como eu.
Pude ver a mesma
expressão em seu rosto de quando eu era uma menina de 12 anos. Vi que estava
preocupada e triste ao mesmo tempo.
Ela me deu um
abraço apertado, e enxuguei suas lágrimas. Senti como se meu corpo estivesse
sendo soprado para o além. Mas, antes de ir, eu falei: Querida, traga os seus
filhos e netos para a cabana, não se perca na vida, um dia nos encontraremos no
infinito.
Sumi... Fui para
um lugar onde só se encontravam nuvens. Mas vi algo que achava que era um sonho
tão desejado. Era vovó, a minha vovó!
Nos demos um
abraço apertado e choramos.
Vovó, minha
querida vovó!
Autora: Luísa Gomes Vieira.
Esta história foi dedicada a minha vó Ercília, a pessoa que
eu amo tanto.